Abstract
Este ensaio apresenta uma discussão sobre a Integralidade em saúde. Apoiado na constatação de que a perda do equilíbrio da saúde nos processos de adoecimento não constituiu apenas fator médico-biológico, mas também um processo vinculado à história de vida do indivíduo, da família e da sociedade, elege como ponto de partida para a reflexão os poderes e limites de atuação dos profissionais de saúde, em especial o médico. Discute a fragmentação da ciência médica e a especialização de sua prática resultante da separação dos objetos em compartimentos estanques, obrigando o esforço interdisciplinar para a apreensão da totalidade da saúde. Analisa as relações de desigualdade entre médico e paciente, defendendo o diálogo como alternativa de redução desta desigualdade. A integralidade surge como discurso contra hegemônico na formação e nas práticas médicas, adotada pelo movimento sanitário brasileiro como um conjunto de atitudes desejáveis, em especial a valorização da associação entre as práticas de saúde e as práticas sociais. Finalmente destaca caminhos para a conquista de mais integralidade, partindo da delimitação das demandas e necessidades, em interação com os recursos tecnológicos de saúde disponíveis. Nesse contexto, discute, ainda, o acesso, alertando sobre a necessidade de enfrentamento do campo da micropolítica de saúde e suas articulações, fluxos e circuitos, baseada na lógica das necessidades dos usuários do sistema e na incorporação de valores éticos e técnicos.