Abstract
O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão sobre usos abusivos e não abusivos de um rol de produtos classificáveis em uma chave ampla como "drogas", lícitas ou ilícitas, não somente no interior da escola, como também consumos que ocorrem fora dela. Com isso, práticas envolvendo a totalidade dos atores que interagem no ambiente escolar ocorrem marcadas pelo consumo de substâncias que alteram as formas de percepção e o funcionamento dos organismos. Boa parte dos processos escolares e educativos ocorre com os atores envolvidos sob a influência de "drogas". Em alguns casos, estimulantes podem auxiliar profissionais cansados ou com sono em suas jornadas de trabalho Em outros, contribuem para melhorar o desempenho de estudantes. Por outro lado, a relação abusiva com "drogas" (sejam estas classificadas como remédio ou não) pode levar vários desses atores a ter problemas no desempenho de suas ações, na execução do que deles se espera. A base empírica para esta reflexão passa pela experiência profissional do autor como docente em escolas da rede pública estadual na chamada “região metropolitana do Rio de Janeiro”. A base metodológica é a etnografia. Ao descrever e interpretar eventos e situações vivenciados neste contexto espera-se contribuir para a produção de um conhecimento que articule o chamado "problema das drogas", as práticas de medicalização e os processos educativos.