Abstract
Neste trabalho, nosso objetivo é refletir sobre o conceito de categorização, levando em consideração uma dimensão discursiva em que aspectos cognitivos e interacionais estão em jogo. A partir desse enfoque, revisitamos também algumas estratégias de (re)categorização anafórica sugeridas na literatura e demonstramos, a partir de exemplos, a estreita relação da categorização com o processo referencial: ao escolher uma expressão, entre todas as opções que julgar adequadas, o falante privilegia alguns aspectos em detrimento de outros, de acordo com as abstrações, generalizações e outros tipos de associações que a palavra escolhida pode suscitar, o que contribui de maneira crucial para a construção da referência. Além disso, confirmamos a noção de que os objetos do discurso são evolutivos, já que podem ser redefinidos a cada nova interação entre os falantes. Por fim, mostramos que o fenômeno da categorização não se restringe a operações meramente lexicais, mas se apóia na capacidade de inferência do interlocutor, no seu conhecimento de mundo e no conhecimento compartilhado entre os falantes.