Entidades empresariais e desenvolvimento no Sul Fluminense: governança, estratégia e estrutura

Abstract
Este artigo pretende desenvolver uma crítica ao modelo geral dos APLs como paradigma teórico e de políticas públicas, por conta de sua ênfase excessiva na dimensão estratégica do que se convencionou chamar de “governança” dos atores e processos econômicos. Cria-se, desse ponto de vista, uma expectativa de que a coordenação dos esforços voltados ao desenvolvimento regional dependeria apenas do esforço e da iniciativa dos atores locais. Com base em uma literatura mais ampla sobre o tema do desenvolvimento regional, o artigo sugere que há importantes limites estruturais a serem considerados quando se fala em uma estratégia de desenvolvimento. Argumenta-se que tais limitações incluem, de um lado, a interação entre os aglomerados locais e as cadeias globais nas quais porventura possam estar inseridos. Isso define uma determinada distribuição de poder entre os diferentes elos dessas cadeias, de modo que as localidades nem sempre são o seu polo ativo. Por outro lado, a adoção de estratégias baseadas em cooperação e afins não ocorre em vácuos históricos e culturais, ou seja, é preciso levar em consideração os legados, os recursos institucionais e elementos cognitivos que organizam as regiões, o que significa que a adaptação destas aos desafios colocados pela globalização é um processo dependente de trajetória.