Autoficção, memória e trauma histórico em “Uma fome”, de Leandro Sarmatz

Abstract
Resumo “Uma fome” é o relato que batiza a coletânea de contos que marca a estreia do escritor gaúcho Leandro Sarmatz na prosa. O autor - juntamente com nomes como Michel Laub, Tatiana Salem Levy, Julián Fuks - pode ser enquadrado em uma nova geração de autores brasileiros que têm a própria vida como matéria-prima essencial da construção de seu mundo ficcional, em um questionamento não somente da veracidade dos relatos autobiográficos, mas também do conceito de ficção e do próprio fazer literário. Neste artigo, buscamos entender como essa tendência autoficcional se une ao trabalho de memória coletiva e ao conceito de luto histórico para construir uma narrativa em que o privado e o público se misturam, em um processo de personalização da história e de coletivização do trauma individual. abstract “Uma fome” is the short story that opens the debut short story collection by Porto Alegre based writer Leandro Sarmatz. The author - together with writers like Michel Laub, Tatiana Salem Levy, Julian Fuks - is part of a new generation of Brazilian authors who use their lives as narrative material. Their incorporation of biographical elements interrogates the veracity of autobiographical texts, as well as the definition of what constitutes fiction and of the literary craft. In this article, we aim to understand how this autoficcional trend can be aligned with collective memory work and the concept of historical grief to construct a narrative in which the private and the public come together through a process of the personalization of history and collectivization of individual trauma. resumen “Uma fome” es el relato que bautiza la colección de cuentos que marca el debut en la prosa del escritor nacido en Porto Alegre Leandro Sarmatz. El autor - junto con nombres como Michel Laub, Tatiana Salem Levy, Julián Fuks - puede ser categorizado en una nueva generación de autores brasileños que tienen la propia vida como materia prima para la construcción de su mundo ficcional, cuestionando no sólo la veracidad de los relatos autobiográficos, sino también el concepto de ficción y el propio quehacer literario. En este artículo, tenemos como objetivo comprender cómo esta tendencia autoficcional se une al trabajo de la memoria colectiva y al concepto de duelo histórico para construir una narrativa donde lo privado y lo público se unen, en un proceso de personificación de la historia y de colectivización del trauma individual.