Biopolíticas da saúde: reflexões a partir de Michel Foucault, Agnes Heller e Hannah Arendt
Open Access
- 1 February 2004
- journal article
- Published by FapUNIFESP (SciELO) in Interface - Comunicação, Saúde, Educação
- Vol. 8 (14), 9-20
- https://doi.org/10.1590/s1414-32832004000100002
Abstract
O objetivo deste artigo é oferecer ferramentas conceituais que possam ajudar na reflexão acerca da questão das biopolíticas da saúde a partir da obra de Michel Foucault, Agnes Heller e Hannah Arendt. Para Foucault, desde o século XVIII, a vida biológica e a saúde da nação tornaram-se alvos fundamentais de um poder sobre a vida que enfatizava especialmente as noções de sexualidade, raça e degenerescência, cujo objetivo era a otimização da qualidade biológica das populações. Para Arendt, esse movimento de politização da vida é profundamente antipolítico. A vida passa a ocupar o vazio deixado pela decomposição do âmbito público. No caso de Agnes Heller, o antipolitismo do discurso biopolítico se manifesta na procura constante de legitimação quase científica. O pensamento de raça, gênero, saúde é um pensamento científico imitado que substitui a opinião pela verdade. Se a política é o campo do confronto das opiniões, do diálogo, da iniciativa, do novo, da espontaneidade e da ação em liberdade, o pensamento biopolítico legitimado cientificamente é o espaço da verdade, da certeza, da necessidade, do determinismo e da causalidade, no qual o diálogo é substituído por uma política da autoclausura, de amigos e inimigos, e a pluralidade de opiniões é reduzida a uma única opinião politicamente correta.Keywords
This publication has 6 references indexed in Scilit:
- Technosciences et nouvelle biomédicalisation : racines occidentales, rhizomes mondiauxSciences sociales et santé, 2000
- The boundaries of the self and the unhealthy other: Reflections on health, culture and AIDSSocial Science & Medicine, 1994
- Psychosomatic subjects and the ‘duty to be well’. personal agency withinEconomy and Society, 1993
- Liberal government and techniques of the selfEconomy and Society, 1993
- HEALTH NAZIS AND THE CULT OF THE PERFECT BODY - SOME POLEMICAL OBSERVATIONSSymbolic Interaction, 1990
- Healthism and the Medicalization of Everyday LifeInternational Journal of Health Services, 1980