Ortogranulitos de Mangaratiba, Rio de Janeiro, uma janela para o Arqueano no Orógeno Ribeira: litogeoquímica e geoquímica isotópica de Nd e Sr

Abstract
O presente estudo visou contribuir com o entendimento da gênese dos ortogranulitos arqueanos (ca. 2,65 Ga) que afloram na região de Mangaratiba, Rio de Janeiro, e que foram denominados em um estudo recente de Ortogranulitos Ribeirão das Lajes. Os granulitos são homogêneos, constituídos principalmente de quartzo, K-feldspato e plagioclásio (esverdeado), com biotita, clinopiroxênio e ortopiroxênio como os máficos mais comuns. Composicionalmente, os protólitos são granitos e granodioritos. A análise de litogeoquímica revelou que os granulitos são metaluminosos, representando séries de alto e médio-K, correlacionáveis a granitos de arco. O comportamento de elementos terras raras (ETR) ainda revela que provavelmente devem existir diferentes suítes cogenéticas nos ortogranulitos. Porém, em razão do quantitativo de análises, não foi possível definir com maior acurácia todas as possíveis suítes. Foram ainda realizadas análises de Sm/Nd e Rb/Sr no mesmo ortogranulito datado em trabalho recente como arqueano (MAN-JEF-01a), e foi obtida uma idade modelo TDM de aproximadamente 2,7 Ga. Seu εNd(t) positivo (+2,1) aponta para origem a partir do manto depletado, apesar da razão 87Sr/86Sr(t) calculada (0,70529) indicar alguma contribuição crustal (fonte enriquecida). Os dados obtidos neste estudo sugerem que os ortogranulitos de Mangaratiba foram formados em ambiente de arco magmático no Neoarqueano, a partir de uma fonte mantélica envolvendo assimilação crustal.