Entrevista com Antoinette Rouvroy

Abstract
Antoinette Rouvroy é sem dúvida umas das principais referências mundiais no que se refere ao uso dos big data e de algoritmos nas sociedades modernas, tendo cunhado o termo, juntamente com Thomas Berns, de “governamentalidade algorítmica”, agora bastante estudado e difundido. Nesta entrevista, encaminhada com exclusividade à Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, a pesquisadora afirma que certas tecnologias pretenderiam eliminar as incertezas sobre o futuro, interferindo e moldando comportamentos humanos. Apesar de tecer duras críticas à atual “sociedade da otimização”, na qual se destacam ao mesmo tempo o afã de otimização e ao mesmo tempo a espantosa passividade digital, também declara ter esperanças em um futuro não tão distópico. Segundo ela, “a melhor forma de resistência é não se deixar fascinar pela Inteligência Artificial”. Por fim, revela que é preciso lidar com o fato de que os dados são excessivamente centralizados por grandes companhias e fora de qualquer controle de natureza democrática. Portanto, segundo Rouvroy, é preciso repensar profundamente a situação dos dados, para que as instituições possam exercer algum papel, garantindo a transparência e a finalidade de sua utilização. A entrevista foi concedida originariamente ao Green European Journal, em inglês, em março de 2020. Aqui trazemos a versão revista e ampliada pela autora, com passagens inéditas.