Da diáspora à nação, de casa à dispersão

Abstract
Neste artigo é pensada a tensão entre inclusão e exclusão da subjetividade queer palestiniana. Partimos do conceito lato de “diáspora” apresentado por James Clifford, em Routes: Travel and Translation in the Late Twentieth Century (1997) e do conceito queer proposto por João Manuel de Oliveira, no Dicionário Alice (2019), para pensar a dupla rutura desta subjetividade, em relação a uma origem territorial e a uma sexualidade normativa. Do ponto de vista metodológico, destacamos o uso de fontes bibliográficas secundárias de forma transdisciplinar –de áreas do conhecimento tão diversas como a antropologia, a história, o planeamento urbano, os estudos culturais e pós-coloniais e os estudos de género e sexualidade–, a partir das quais analisamos a reabilitação do corpo físico e social do judeu pelo movimento sionista e as novas estratégias propostas para uma integração instrumental de subjetividades queer dentro do espaço normativo e militarista dos Estados-nação. Estas fontes bibliográficas secundárias e relatos de subjetividades queer palestinianas –recolhidos da imprensa internacional– permitiram-nos compreender que essa dupla rutura é interdependente da construção histórica do Sionismo como projeto político e ideológico, algo que se manifesta no momento da (ou na tentativa de) travessia da subjetividade queer palestiniana para o Estado de Israel. Nesse tempo e espaço ela é integrada nas narrativas ocidentais de progresso e democracia, como subjetividade queer, ao mesmo tempo que é excluída como subjetividade palestiniana racializada e patológica.