Abstract
O presente trabalho tem como objetivo defender a tese de que a diferença terminológica entre edição crítica, realizada a partir da comparação de diferentes testemunhos, e edição interpretativa, executada a partir de um único testemunho, é fundamental para a crítica textual, pois reflete importantes diferenças conceituais. Analisaram-se seis passagens extraídas da tradição textual da tradução portuguesa e da francesa da obra de Isaac de Nínive, tendo em conta as duas principais tomadas de decisão com que um editor tem de lidar em seu percurso editorial: identificação da existência de uma lição não genuína em uma dada tradição textual e fixação da lição genuína. Demonstrou-se que, em relação a esses dois tipos de tomada de decisão, há diferenças entre as edições consideradas: na edição crítica, a primeira tomada de decisão é mais objetiva em função da colação e a segunda tomada de decisão também o é mas em função da baliza das lições presentes nos testemunhos; na edição interpretativa, as duas referidas tomadas de decisão são menos objetivas porque se fundamentam essencialmente no conhecimento do editor, fator de grande variabilidade.