Abstract
Este trabalho propõe-se a analisar a obra Madiba, o menino africano (2011), uma narrativa biográfica que traz como personagem principal Nelson Mandela, por meio da observação dos aspectos gráficos, editoriais e enunciativos do exemplar. A partir disto, objetivamos discutir de que modo os livros infantis publicados após a promulgação da Lei 10.639/2003, tecem suas representações e, ainda, como estas representações estão atreladas às instâncias de poder, como a escola e o governo. Nossas conclusões partem da reflexão de que embora o personagem negro figure como protagonista nestes livros, sua representação tende a ser baseada em percepções colonialistas; ademais, estas percepções inclinam-se a selecionar certos aspectos da sua trajetória que podem construir um imaginário social que vê o sujeito negro como pacífico ante às situações de racismo/preconceito. Deste modo, embora os relatos biográficos acerca de personagens negros sejam de grande relevância social — uma vez que ressignificam o imaginário coletivo quanto a aparência e origem do herói —, estes relatos ainda se atrelam a uma representação simplista tanto da África do Sul quanto do líder político, devendo ser repensados enquanto elementos representativos dos grupos étnico raciais nos livros literários.