Abstract
Quando se analisa a conformação dos núcleos urbanos fundados pelos espanhóis nas Índias Ocidentais a partir do início do século XVI, desponta o impressionante processo de elaboração de uma tipologia regular de cidade: uma tendência de ordenação referente ao plano gerador que teria sido repetida inúmeras vezes, nas mais diversas regiões do vasto território sob o domínio da metrópole peninsular – culminando na realização de um modelo de cidade que apresentaria uma organização absolutamente cartesiana. Em oposição aos primeiros dois séculos de colonização, o cenário urbano nos setecentos deveria almejar a uma paisagem urbana dramática – aliada a poética barroca –, dificilmente expressada na engessada cidade em damero. Logo, as cidades ordenadas deveriam contar com intervenções – de teor urbanístico, mas especialmente de escala arquitetônica – que atuassem “contra” a quadrícula. Ou seja, através da corrupção do esquema rígido da traza hispano-americana e da inclusão de exuberantes exemplares da arquitetura religiosa, os assentamentos coloniais poderiam ser transfigurados em prol da exaltação de acontecimentos cenograficamente dramáticos.