Notas sobre una relación intelectual: Paulo Freire y Frantz Fanon

Abstract
Neste escrito, analiso a relação intelectual que Paulo Freire estabelece com Frantz Fanon. Considero três obras-chave: Educação como prática de liberdade (FREIRE, 1967), Pedagogia do oprimido (FREIRE, 1970) e Os condenados da terra (FANON, 1961). Assumo a crítica pós-colonial como um exercício de desconfiança (HALL, 2008; CATELLI e DE OTO, 2018), como uma forma de falar sobre a marca que o colonialismo impôs às nossas subjetividades, nas nossas formas de conhecer, educar, fazer, brincar e sentir , e que duram além do momento inicial de conquista. Muitas de nossas perguntas e respostas contemporâneas são marcadas pelo silêncio de um passado colonial (AÑON e RUFER, 2018) que insiste e perpassa por nossas memórias e corporeidade. Um momento histórico específico (complexo e diferenciado) ligado à conquista e colonização de territórios e das suas gentes, mas também, uma forma de orquestrar ou narrar uma história, e uma descrição enquadrada num paradigma teórico eurocêntrico, que define verdades e é pretensas para produzir identidades únicas. Uma história moderna, um saber e um poder que se universalizam e designam uma complexa teia de práticas, do simbólico ao material, destinado a garantir a subordinação de vários grupos sociais. Sua face de colonialidade negada nos mostra como nesses processos de produção de subjetividade combinações específicas de raça, patriarcado, gênero e classe são apresentadas. (GÜIMARAES, 2009; QUIJANO, 2000; TROUILLOT, 2011; MBEMBE, 2016).