Abstract
Este trabalho propõe uma análise das palavras derivadas com o sufixo adjetival português -udo (cabeludo, peludo, barrigudo, cabeçudo, chifrudo, carrancudo, abelhudo, rechonchudo), em perspectiva histórica e construcional. Na Morfologia Construcional (BOOIJ, 2010; COELHO, 2013; GONÇALVES, 2016), a noção de construção morfológica envolve um pareamento de forma, função e significado. Por isso, o trabalho descreve aspectos variados, como a categoria lexical da base, a categoria lexical do derivado e o comportamento polissêmico do esquema de sufixação. No que toca aos aspectos históricos, a análise parte da forma latina –ūtus, com dados de um dicionário bilíngue latim-português, passa pelo português arcaico (séculos XIII a XVI), a partir dos dados de Coelho (2005), e chega ao português mais atual, a partir de um conjunto de dados extraídos de um dicionário da língua portuguesa contemporânea. Essa análise histórica permite tanto a compreensão da prototipicidade histórica do significado de posse nesses derivados quanto da produtividade que as construções com esse sufixo adquirem na língua portuguesa, desvencilhando-se consideravelmente do comportamento da matriz latina.