Análise do perfil epidemiológico de pacientes que utilizam talidomida em hospital de grande porte

Abstract
Introdução: A talidomida conhecida mundialmente por desencadear milhares de casos de mal formações fetais por atravessar a barreira placentária, é o exemplo perfeito de um fármaco pouco testado antes de sua aprovação. Apesar de ter sido retirada do mercado após a comprovação da teratogenicidade, foi descoberto o seu efeito benéfico no tratamento de algumas doenças, e esta foi reinserida no mercado nacional sendo utilizada em determinadas situações clínicas devendo-se sempre avaliar o estado do paciente com cuidado, levando em conta o risco-benefício, principalmente nos casos de mulheres em idade fértil (entre 15 e 49 anos). Metodologia: O estudo foi realizado na farmácia ambulatorial do Hospital das Clínicas (HC) da UFPE, através da coleta e avaliação de dados processuais de 57 pacientes que fazem parte do plano de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde através do Componente Especializado. Resultados e Discussão: Dentre os processos analisados, 50,88% foram de pacientes do sexo masculino e 49,11% do sexo feminino, com idades contidas nas faixas etárias de 19 a 30 anos (8,77%), 31 a 50 anos (40,35%), 51 a 70 anos (36,84%) e 71 a 90 anos (14,03%). Dentre as mulheres, (17,86%) estavam em idade fértil, e utilizavam métodos contraceptivos, destes (60%) eram laqueadura de trompas, (20%) dispositivo intrauterino, e (20%) preservativos. No parâmetro patologia, foram diagnosticadas cinco doenças: mieloma múltiplo (40,03%), hanseníase (36,84%), lúpus eritematoso discoide (14,03), lúpus e. sistêmico (7,01%) e estomatite com lesões correlatas (1,75%). Conclusão: Com estes resultados, observa-se o predomínio de pacientes do sexo masculino e da faixa etária de 31 a 50 anos utilizando a talidomida no HC-PE, com predomínio da patologia mieloma múltiplo. O grupo das mulheres em idade fértil, sendo este grupo de risco, apresentou em 80% dos casos analisados métodos contraceptivos efetivos, impossibilitando o risco de possível teratogenicidade.