Autoria e heterogeneidade em (dis)curso

Abstract
A pergunta que inquieta pesquisadores de diversas áreas do conhecimento humano, sobretudo, aqueles que tomam a linguagem como objeto de estudo, é o que é um autor? Neste ensaio, além de retomar essa questão ainda levando outras como: se no baixo letramento não temos autoria, pois esta só apareceria no alto letramento, então essa figura seria uma construção limitada aos saberes? O que teríamos nos discursos fundadores cujos saberes não são aprendidos numa escola/universidade? Os religiosos, por exemplo, nos quais os sacerdotes recebem a revelação de uma experiência com o sagrado? Que tipo de trabalho um sujeito precisaria realizar com e na linguagem para alcançar a posição de autor? Se a linguagem é por natureza heterogênea é possível um sujeito se destacar no meio de tantos outros ao mobilizar diferentes discursos numa dada enunciação? Quais indícios nos permitiria eleger alguém como autor de alguma obra? A partir dessas inquietações, pretendo discorrer, neste ensaio, sobre a categoria autor, a qual gera polêmica na sociedade, seja por motivos jurídicos, nos quais ela aparece em oposição ao plágio ou como sinônimo de originalidade versus falseamento de trabalhos artísticos/textuais, ou por métodos teóricos metodológicos, em que se defende ou se recusa se ela é um fim em si mesma. Para entrar nesse campo, dialogo com Focault e Authier-Revuz; problematizo Barthes e Tfouni; e tomo alguns discursos atualizados em textos para demonstrar o trabalho que um sujeito discursivo desempenha ao constituir autor de algo e quais efeitos essa posição pode desencadear em compos discursivos distintos.