Abstract
Utilizando como objeto/fonte de pesquisa a revista A Estrêla: Órgão da Penitenciária Central do Distrito Federal, o objetivo deste trabalho é pensar nos assuntos abordados pelos seus escritores privados de liberdade e o que nos revelam. Que discursos esses sujeitos evocam e como a escrita se configura como uma forma de expressar sentimentos? Como o cotidiano na prisão é abordado e suscitam práticas e discussões acerca do sistema penitenciário brasileiro na década de 1950? O que revela A Estrêla sobre o nível de escolaridade dos internos? Diante do exposto, busco interpretar como os apenados escritores “abrem suas almas”, evidenciam suas subjetividades e como revelam que as contradições existentes no sistema prisional não eram pauta do periódico aqui estudado. Fundamento esta análise em autores como Ana Mignot (2002) e Veronica Sierra Blas (2016) que abrem perspectivas para se pensar nos sentidos das escritas de si no cárcere e Augusto Thompson (2002), que possibilita uma análise acerca da complexidade do sistema penitenciário. Nesse sentido, a relevância do presente artigo se configura por trazer à tona sujeitos quase invisibilizados pelas pesquisas acadêmicas e por revelar algumas dificuldades e poucos avanços do sistema prisional brasileiro ao longo da nossa história recente.