Abstract
A tradução, através da qual construímos relações com o outro, implica em escolhas pautadas em uma ética. Falar de ética em tradução é sempre desafiador, pois transportar um texto de uma língua para outra leva inevitavelmente a pensar nos limites das próprias possibilidades e no reconhecimento da natureza do fazer tradutório – hermenêutico? dialético? político? epistemológico? Conforme Berman (2002, p. 17), a ética “consiste em definir o que é a ‘fidelidade’”, ou seja, reside no processo de refletir sobre as escolhas a serem tomadas; na construção das hipóteses de mundos possíveis (ECO, 2003, p. 45). A partir dessas premissas apresenta-se o objetivo deste estudo: pensar a ética no processo de tradução do texto De contagione et contagiosis morbis et curatione [Sobre o contágio, as doenças contagiosas e o seu tratamento] publicado em 1546 e escrito pelo médico, filósofo e poeta Girolamo Fracastoro (Verona, 1476 ou 1478 – Incaffi, 1553), ao português do Brasil.