Abstract
O objetivo deste artigo é analisar as anotações acerca da literatura efetuadas por Antônio Gramsci em seus Cadernos do cárcere, em confronto com as teses de Lukács e de outros expoentes da crítica literária que nasce de Marx. Ainda que sejam parcos os parágrafos escritos por Gramsci sobre o tema, parte-se do pressuposto de que existem neles algumas intuições de grande fecundidade para se pensar a literatura. A ideia é estabelecer em que medida há afinidades entre as elaborações dos marxistas a propósito da criação literária, como o trato da arte enquanto uma esfera das atividades humanas com sua dialética interna própria, discernível em face de outras objetivações do ser social; além das divergências possíveis de serem pontualmente vislumbradas, como a polêmica sobre o caráter popular da literatura.