Abstract
Com a introdução da terapia antirretroviral houve um declínio nas taxas de morbidade e mortalidade por AIDS em todo o mundo. Os efeitos adversos da medicação, as interações do vírus com o organismo e as alterações metabólicas e de composição corporal podem levar às doenças crônicas não transmissíveis e à obesidade, reforçando a necessidade da intervenção nutricional para que se identifique, trate e previna os distúrbios nutricionais. O presente estudou buscou relacionar o excesso de peso das pessoas que vivem com HIV em terapia antirretroviral à fatores socioeconômicos, sociodemográficos e clínicos, comportamentos, tempo de contágio e classe de antirretroviral. Estudo transversal descritivo, realizado com 65 pessoas que vivem com HIV em uso de terapia antirretroviral, assistidas no Serviço de Assistência Especializada do Departamento Municipal de DST/ AIDS de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os participantes responderam a um questionário para avaliação sociodemográfica, socioeconômica, clínica e de comportamento. Foi realizada avaliação antropométrica e de composição corporal e pesquisa aos prontuários. Para a análise dos dados, foram utilizados a estatística descritiva e a regressão logística para dados univariados e multivariados. Foram avaliados 65 pacientes recebendo terapia antirretroviral, com média de idade de 41 anos; 35 (54%) do sexo feminino, média de tempo de contágio de 98 meses e 47 (72%) com a carga viral indetectável. A proporção de avaliados com excesso de peso foi de 60% (39), 38 (58,5%) com RCE de alto risco e os indicadores CC e CP apontaram 37 (57%) e 28 (43%), respectivamente, com excesso de gordura corporal. O excesso de peso associou-se à idade, circunferência da cintura, renda, tempo de contágio e carga viral. Demonstrando que além das interações existentes entre o vírus e o sistema imunológico e cardiometabólico que demandam nossa atenção, é importante compreender os fatores que influenciam nas alterações nutricionais e tratar o excesso de peso para prevenir as múltiplas comorbidades.