Cefaleia em Salvas: O Advento de Novas Terapêuticas

Abstract
A cefaleia em salvas é uma das situações mais dolorosas que afetam o ser humano. A sua etiologia é desconhecida e a sua patogenia insuficientemente conhecida. A curta duração, a severidade e a incapacidade associada às crises requerem tratamentos de rápida ação para abortar as crises e o tratamento preventivo de novos surtos. A inalação de oxigénio e o sumatriptano injetável são os tratamentos agudos mais eficazes. Estão disponíveis diversos tratamentos preventivos, contudo, a confirmação da sua eficácia e segurança carece de evidência robusta, sendo o mais eficaz o verapamilo, mas em doentes com formas severas, crónicas e refratárias podem ser ineficazes. Nesses casos torna-se necessário recorrer a processos cirúrgicos que também não têm evidência robusta de eficácia e têm riscos adicionas, potencialmente graves. O advento de anticorpos monoclonais contra o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP - calcitonin gene related peptid), que está elevado durante as crises de cefaleia em salvas, e em que um dos fármacos (galcanezumab) já demonstrou eficácia e segurança em estudos controlados no tratamento da cefaleia em salvas, constitui uma nova esperança para o tratamento destes doentes.