Setenta, de Henrique Schneider: tortura, trauma e transformações no texto ficcional

Abstract
A história brasileira é permeada pela violência desde seu início. A segunda década do século XXI, no Brasil, carrega como marca a presença de políticos e formadores de opinião com discursos que frequentemente referenciam e até fazem homenagens ao período da ditadura militar e a alguns de seus representantes. Isso divide a população: alguns são favoráveis, outros, notavelmente a classe artística, são contra, o que motivou produções artísticas diversas sobre este período. O romance Setenta, de Henrique Schneider, cujo texto original foi vencedor do Prêmio Paraná de Literatura em 2017, apresenta o protagonista Raul, que, em meio à efervescência do patriotismo motivado pela Copa de 1970, é um dedicado bancário, retrato fiel do cidadão brasileiro indiferente à política, o que lhe trará uma terrível experiência traumática que se distancia, mas está presente e deixa marcas até mesmo na forma dos escritos literários que falam sobre este período.