A evolução do conceito de parafilias

Abstract
Publicada a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e estando em fase de finalização a revisão da 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) – duas das mais importantes classificações internacionais, abre-se espaço para a discussão da evolução do comportamento sexual. Tal debate é motivado pela observação da dinâmica que atualiza as normas sociais desse comportamento, da forma como essas normas são construídas e do quanto elas estão submetidas ao contexto histórico, político e cultural. Este artigo, inspirado nas ponderações de Alain Giami, pesquisador do Gender, Sexual and Reproductive Health Team do Center for Research in Epidemiology and Population Health (CESP), localizado em Le Kremlin-Bicêtre, França, apresenta as classificações dos transtornos da sexualidade como representações de padrões contemporâneos e relações de gênero; e comenta que o tratamento médico das perversões sexuais (parafilias, transtornos de preferência sexual) evoluiu, durante o século passado, de um modelo de patologização de todo comportamento sexual não reprodutivo a um modelo que consagra o bem-estar sexual e a responsabilidade (consenso nos relacionamentos), enquanto patologiza a ausência de consentimento, de parte a parte, nas práticas sexuais.