"Discreto, sigiloso, não afeminado”

Abstract
O objetivo deste artigo é compreender como são construídas, por meio de discursos de autorrepresentação, as identidades dos usuários do aplicativo de relacionamentos Grindr, utilizado principalmente por homens gays (ou bissexuais), com a finalidade de marcar encontros. Busco, especificamente, analisar as representações (homos)sexuais que esses sujeitos fazem de si mesmos e do outro em seus perfis virtuais, averiguando o confronto entre a escolha de certas identidades e o silenciamento de outras através das estratégias de negociações identitárias. A escolha desse aplicativo se deu em razão ao seu intenso crescimento de usuários e pela expressiva popularidade que ele adquiriu nos últimos anos, visto que os sujeitos, caso queiram, podem disponibilizar fotografias e informações básicas sobre si para criarem um tipo de “autoidentidade”. O percurso metodológico utilizado para a análise dos dados busca romper com as fronteiras e limites disciplinares, em direção a uma perspectiva inter/trans/indisciplinar. Amparo-me, para isso, nas perspectivas epistemológicas dos Estudos da Linguagem e da Teoria Crítica do Discurso, dos Estudos Culturais, da Antropologia e da Sociologia.