Abstract
Durante a Idade Média ibérica pensava-se que a superioridade da nobreza sobre a gente miúda residia sobretudo no sangue: os nobres, por terem “sangue elevado”, estariam “naturalmente” constrangidos a buscar a honra, enquanto os plebeus, em decorrência do seu “sangue baixo”, tenderiam aos vícios. Tal era a opinião e o costume do público receptor das crônicas escritas por Gomes Eanes de Zurara no século XV português. Atentando para tal fato e seguindo preceituações retóricas, Zurara articula a boa ascendência com uma conduta virtuosa ou viciosa para, respectivamente, louvar ou vituperar os nobres enquanto personagens de suas narrativas históricas.