Dorothy Porter Wesley e a Organização do Conhecimento na Coleção Especial Moorland-Spingarn Research Center

Abstract
Este artigo apresenta a bibliotecária negra[1], Dorothy Porter Wesley, com especial enfoque em sua atuação na organização da Coleção Especial do Moorland-Spingarn Research Center. Com base em materiais bibliográficos e documentais, evidencia a denúncia realizada pela bibliotecária sobre a abordagem etnocêntrica, preconceituosa e limitante da Classificação Decimal de Dewey para catalogação dos recursos informacionais da Coleção. Para resolver essa lacuna, Porter Wesley preparou diversas bibliografias e catálogos destinados à organizar o conhecimento elaborado por e sobre as populações negras, africanas e da diáspora da Coleção. O estudo investiga o desenvolvimento crítico de sua trajetória e o papel metaepistemológico e metametodológico que conjuga a apropriação de ferramentas do campo informacional – a começar, a bibliografia –, como forma de luta, de resistência e de emancipação da comunidade negra americana. A pesquisa, em seus resultados, atesta a potencialidade revolucionária da práxis de Dorothy Porter Wesley, assim como fundamenta outra via epistemológico-histórica de concepção do campo biblioteconômico-informacional. [1] Não usaremos o termo “de cor” para se referir a pessoas negras americanas a não ser quando a passagem abordar uma citação da própria Dorothy Porter Wesley, embora seu uso popular seja um fato em alguns contextos dos Estados Unidos. Para tanto, quando utilizamos o termo “negra” ou “afro-americana” estamos nos referindo a pessoas de origem africana na diáspora, esta última resultante de crimes contra humanidade.