Análise do perfil epidemiológico de pacientes que utilizam trastuzumabe em hospital de grande porte de Pernambuco

Abstract
Introdução: Câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo, e cerca de 20% das pacientes acometidas são do tipo HER-2+(Human Epidermal Growth Factor Receptor-2). Este tipo, o mais agressivo, caracteriza-se por apresentar células com número anormal do gene HER-2, que é fundamental para ativação de vias de sinalização associadas à proliferação e diferenciação celular. Um dos tratamentos possíveis é o uso do anticorpo monoclonal Trastuzumabe, um bloqueador do receptor HER-2, que age inativando sua superexpressão. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar o perfil das pacientes com câncer de mama que receberam Trastuzumabe em um hospital escola de grande porte e avaliar o impacto financeiro desta farmacoterapia. Materiais e Métodos: Foi realizada uma analise das variáveis idade, CIDs e custo dos tratamentos das 6 pacientes que utilizaram Trastuzumabe de 440mg/mL como monoterapia e das 17 pacientes que utilizaram o de 150mg/mL como tratamento adjuvante no ano de 2015. Resultados: Na concentração de 440mg/mL, as faixas etárias foram: 31-40 anos (17%), 41-50 anos (17%) e 51-60 anos (66%). As CIDs: C50.9 (50%), C50.1 (30%) e C50.8 (20%). Foram utilizadas 29 ampolas, cada uma custando cerca de R$ 7.760,00, totalizando, em média, R$225.000,00 gastos anualmente. Na concentração de 150mg/mL, as faixas etárias foram: 31-40 anos (22%), 41-50 anos (17%), 51-60 anos (28%), 61-70 anos (5%) e acima de 71 anos (28%). As CIDs observadas: C50.1 (30%), C50.8 (30%), C50.9 (24%) e C50.4 (16%). Foram utilizadas 230 ampolas, cada uma custando cerca de R$ 1.050,00, totalizando aproximadamente R$ 241.500,00 gastos ao ano. Discussão: É notório que muitas pacientes recorrem ao Trastuzumabe como monoterapia ou como tratamento adjuvante ao câncer de mama. Na monoterapia, a faixa etária predominante foi de 51 a 60 anos e a CID mais comum foi C50.9. No tratamento adjuvante, duas faixas etárias se destacaram: 51 a 60 anos e superior a 71 anos, sendo a CID C50.1 a mais comum. Nestas duas abordagens, as concentrações utilizadas variaram de acordo com cada paciente e com seus estadiamentos clínicos. Notou-se que nenhuma paciente utilizou a concentração exata da ampola, utilizando menos ou pouco mais de uma ampola. Conclusão: Há mais pacientes utilizando o Trastuzumabe de 150mg do que 440mg. Somado a isto, a neoplasia maligna da mama com lesão invasiva e a neoplasia maligna da mama não especificada foram as mais diagnosticadas. A faixa etária de maior recorrência em ambas as concentrações foi de 51-60 anos. O tratamento do câncer de mama apresenta inúmeras alternativas que personalizam a terapia. Com este trabalho observou-se que a manipulação do medicamento individualmente acarreta em perdas que podem ser evitadas. Sugere-se então que, o Trastuzumabe como tratamento do câncer de mama, seja comercializado em ampolas com concentrações menores facilitando a manipulação e evitando perdas de medicamento que acarretam em um aumento no custo do tratamento.