Aderência a teoria pecking order pelas firmas brasileiras: uma análise multisetorial

Abstract
Objetivo: Esse artigo objetiva analisar, de acordo com a teoria pecking order, a associação do endividamento total, de curto e de longo prazo, das empresas que negociam ações na Brasil Bolsa Balcão (B3), distinguindo-as por segmento de atividade. Metodologia: A amostra é composta por observações anuais de 177 empresas listadas na B3, no período de 2014-2017. Elaborou-se três modelos econométricos de regressão linear múltipla, cada um com uma variável dependente distinta, testados através do IBM SPSS®. Os modelos foram aplicados na amostra completa, e nos 12 segmentos de atividades das empresas que compõem a amostra. Resultados: No Brasil segmentos de atividade distintos tem também distintas aderência a teoria pecking order, assim como há setores que não são aderentes a estrutura de capital que prioriza fontes próprias de recursos. Além disso, percebeu-se que há uma maior aderência a teoria pecking order para dívidas de menor maturidade, indicando que para o longo prazo fontes de financiamento externas são mais utilizadas. Empresas que têm práticas e GC e compliance apresentaram menor aderência a teoria pecking order, e uma associação predominantemente positiva com o endividamento de longo prazo e total. Contribuições do estudo: Ao se analisar a estrutura de capital deve-se considerar com fator relevante o segmento de atividade da empresa, pois diferentes atividades ensejam diferentes níveis de investimentos, maturidade de dívidas, e fontes de financiamento. Não considerar o fator setor de atuação pode gerar resultados enviesados que não refletem a realidade. As teorias de estrutura de capital não devem ser vistas com opostas, mas sim complementares, e para tanto os modelos econométricos para o endividamento total, de longo prazo e de curto prazo pedem variáveis independentes distintas, que capturem os efeitos temporais de cada um desses índices.