Abstract
Este artigo se debruça sobre a linguagem da mídia, focalizando, especialmente, as manchetes de jornais, com ênfase ao jornal O GLOBO. Partindo-se do pressuposto de que não há “grau zero” de informação (CHARAUDEAU, 2006a) - entendendo-se o “grau zero” como a ausência de todo implícito e de todo valor de crença, o que seria característico da informação exclusivamente factual - pretende-se demonstrar que a informação, pelo fato de se referir a acontecimentos do espaço público, não está isenta de posições ideológicas e, nesse caso, joga-se com as palavras para se conseguir o melhor efeito de sentido, já que comunicar, informar tudo é escolha. Pretende-se também analisar, do ponto de vista do sujeito interpretante, os efeitos patêmicos gerados por deslizamentos de sentido que derivam da seleção lexical, considerando-se que essas escolhas fazem emergir marcas enunciativas do sujeito comunicante, o que pode colocar em risco a aparente (ou pseudo?) neutralidade do discurso midiático. A proposta desta reflexão passa, ainda, por uma perspectiva pedagógica, já que a análise da seleção lexical é um caminho para a interpretação do(s) sentido(s) do texto.