As faces da violência no jornalismo literário brasileiro: um estudo sobre Meu casaco de general

Abstract
Este artigo investiga a representação da violência no jornalismo literário brasileiro na contemporaneidade. Os objetos de estudo são os romances-reportagens que foram destaque, em sua categoria, no Prêmio Jabuti, uma condecoração da literatura brasileira, considerada uma das maiores da América. O objetivo é compreender, de maneira contextualizada, de que modo a violência é representada por meio dessas narrativas e, a partir disso, observar como o jornalismo literário brasileiro contribui para o debate e a promoção da reflexão social acerca do tema. Para tanto, realiza-se, inicialmente, um mapeamento das obras, com o intuito de verificar quais os temas predominantes, os tipos de violência e os tipos de dominação que aparecem nas narrativas, a fim de iniciar um entendimento a respeito das relações de poder e do modo como a violência é representada no jornalismo literário brasileiro. Após essa fase de compreensão, é desenvolvida a análise da obra Meu casaco de general, do autor Luiz Eduardo Soares, uma das primeiras premiadas no período estudado. O romance-reportagem retrata a violência, especialmente no âmbito das relações entre traficantes e policiais, no espaço do Rio de Janeiro, mas direcionando a uma compreensão de todo o contexto brasileiro. Os resultados indicam que os romances-reportagens condecorados, no período analisado, apresentam diversas faces da violência, já que representam como os sujeitos são acometidos pela crueldade, além de promoverem senso de empatia com relação às vítimas. Também se observa a forte vinculação entre a violência e as relações de poder que permeiam o país. A obra estudada revela problemáticas sociais como a vulnerabilidade diante das relações de poder, a falta de ética e a corrupção, temas que conduzem o leitor a entender e questionar o sistema de combate à violência no Brasil.