Intentio operis, translator et lector empiricus

Abstract
O objetivo deste artigo é aplicar os conceitos de leitor-modelo e intentio operis propostos por Umberto Eco (2004, 2005, 2016) ao processo tradutório, relacionando-os à noção de tradução enquanto reescrita através do conceito de transcriação (CAMPOS, 2011). Mediante uma abordagem teórico-crítica que visa a consideração de tais teorias a partir da ótica da prática tradutória, debatemos de que maneira aspectos socioculturais influenciam tanto o processo interpretativo quanto o processo de (re)autoria necessários à recriação da intentio operis de um texto em um novo sistema semiótico. Por fim, destacamos a necessidade de desenvolvimento de estudos voltados para tradutores e leitores empíricos como forma de obtenção de dados que possibilitem o estabelecimento e o refinamento de normas tradutórias (CHESTERMAN, 1993, 2016; TOURY, 2012), almejando melhor compreender as forças externas que moldam a tradução enquanto processo e produto. Demonstramos, desse modo, a relevância de estudos empíricos voltados para os processos de interpretação e autoria no âmbito dos Estudos da Tradução.