A Natureza Brasileira na Confluência das Noções de Patrimônio, Identidade e Ideologia

Abstract
Exame metódico da gênese da ideia de natureza paradisíaca brasileira e de seu uso ideológico para fins de divulgação de uma política conservadora e elitista por meio da qual se propaga o juízo de que a natureza edênica do Brasil constitui um privilégio que compensaria quaisquer mazelas sociais do país. Levou-se a cabo tal estudo por meio do paradigma qualitativo, concretizado por pesquisas bibliográfica e documental. O referencial teórico, por sua vez, foi fornecido pela ecocrítica e pelos estudos culturais. Com efeito, demonstrou-se que a beleza do meio ambiente foi usada, em textos artísticos, documentais e historiográficos, desde os primórdios do Brasil, com a Carta de Caminha (1500), por exemplo, até os dias de hoje, com vistas a oferecer um ideário conservador para apaziguar eventuais reivindicações sociais e políticas das classes mais baixas, compensando tais demandas com a distinção da vida num espaço paradisíaco.