Abstract
O artigo contrapõe o Movimento da Literatura Marginal a algumas experiências culturais passadas, sobretudo ao modernismo paulista. De início, reconstroem-se algumas das demandas da vanguarda modernista apresentadas por ocasião da Semana de Arte Moderna de 1922. Em seguida, analisa-se como agentes marginais, com a preparação da Semana de Arte Moderna da Periferia e do Manifesto da Antropofagia Periférica, de 2007, elaboraram uma releitura da história cultural brasileira. Os manifestos lançados, as ressignificações simbólicas propostas e as reorientações estéticas subjacentes revelam contra-usos políticos importantes da ideia de vanguarda. Ao final, argumenta-se que a formatação do movimento das periferias dependeu de distanciamentos críticos praticados por seus/suas integrantes em relação a uma tradição que não os/as contemplou, distanciamentos esses que revelam uma potência antropofágica que se processa desde o local de enunciação, estendendo-se à forma literária.