O cavaleiro inexistente: um dilema para a psicologia?

Abstract
O Cavaleiro Inexistente, de Ítalo Calvino, serve de mote ao questionamento acerca da subjetividade, tão cara à Psicologia. Descartes inaugurou a modernidade apartando em definitivo corpo e alma; de certa forma, uma reedição do dilema platônico. Sob o prisma da subjetividade, entretanto, nada é tão dicotomicamente separado e corpo e alma hão de se completar nessa construção. A Psicologia persegue dissecar o subjetivo com a objetividade que o método cartesiano impôs ao científico; mas algo parece sempre escapar da observação. Esse inconsciente que escapa retorna no sintoma e desafia a Psicologia em relances fugidios, completos na incompletude dos mecanismos de deslocamento e condensação. Não há corpo sem alma, não há uma subjetividade assepticamente objetiva e O Cavaleiro Inexistente, se é pura razão, não se sente completo sem um corpo que mostre o ser humano que nele habita. O grande dilema da Psicologia é descobrir se é possível criar caminhos que leve ao entendimento do entrelace do corpo e da mente.