Abstract
Este artigo analisa as possibilidades de emancipação política das mulheres negras, no começo da década de 1980, a partir da utilização de práticas comunicativas alternativas, nas quais elas tematizaram a própria condição. Para tanto, apresentamos uma análise de um recorte da atuação política da ativista mineira Lélia Gonzalez, sua coluna no jornal Mulherio (1981 - 1988). Nesse periódico ela era a única mulher negra a participar do conselho editorial e a assinar uma coluna. Como recurso metodológico, utilizamos a noção de discurso de Fairclough (1989) e concluímos que, ao se constituir sujeita política de palavra - tematizando às opressões interseccionadas que as mulheres negras sofrem -, Gonzalez promoveu um deslocamento nesse contexto para si e para os seus pares.