Estética da resistência:

Abstract
Este artigo tece reflexões sobre a articulação entre arte, educação e formação humana no âmbito da práxis política dos movimentos camponeses e indígenas latino-americanos. Para tanto, argumenta-se que a concepção de arte tecida por esses sujeitos políticos emerge de uma apreensão do coração como núcleo epistêmico e ontológico de seus sentimentos, de seu pensamento e de sua ação política – uma arte sentipensante – que demarca outro paradigma de pensamento e de construção de conhecimento. Nesse sentido, apresento algumas expressões da estética da resistência na arte sentipensante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento Zapatista, com destaque para os princípios que fundamentam a dimensão educativa e política da arte na luta em defesa da terra, do território e de um projeto emancipatório. Na história latino-americana e caribenha, a arte sentipensante alimentou os sonhos de liberdade, emancipação e justiça – e, nos momentos de recrudescimento da luta de classes, clamou-se por não se perder a ternura jamais, nas palavras de Che Guevara.