Abstract
O tema deste ensaio é a relação ideologia e educação, e, como objeto concreto de suporte a essa relação, faz-se uma revisão crítica sobre o Movimento Escola Sem Partido (MESP). Criado em 2004 pelo advogado Miguel Urbano Nagib, o MESP é um movimento que foi criado na contracorrente da conjuntura política do país, quando um partido de centro-esquerda havia chegado ao poder executivo. O presente artigo desenvolve a ideia de que, apesar de a liderança tabaréu do MESP despontar como o principal difusor do irracionalismo anti-intelectualista no país, no plano político-ideológico hegemônico sua presença equivale às ações pautadas pelo moralismo cínico dos teólogos-empresários, jornalistas orgânicos e astrólogos-gurus a apresentar, como verdades absolutas, disparates anticientíficos, como o criacionismo e o terraplanismo, nas redes sociais e nas mídias tradicionais. Considera que a influência e penetração ideológica na sociedade de ambos são menores do que a dos conglomerados educacionais financeiros-rentistas como Lemann, Ayrton Senna, Abril, Pitágoras/Kroton/Cogma, dentre outros. Dado todo este quadro, o artigo conclui que, sem condições de promover um avanço civilizatório, tempo que se perdeu em meados dos anos 60, parte significativa do Brasil se entregou à intensificação da precarização em todos os níveis, sendo o MESP uma das gambiarras morais da atualidade contra o que se contrapõe à sua barbárie ética.