Abstract
Segundo Debrun (2018), o processo de Auto-Organização (AO) requer a livre e espontânea interação entre os componentes de um sistema, gerando um novo padrão de funcionamento. O dinheiro é uma poderosa ferramenta para a auto-organização social; sua origem se relaciona intimamente com a origem do Estado, classes sociais e instituições regulatórias do comportamento humano. No Séc. XXI, o desenvolvimento da tecnologia da informação possibilita novas formas de operações monetárias e maior acesso à comunicação por meio da Internet, o que aumenta a interatividade social necessária para a AO. Entretanto, o impacto desta tecnologia não necesariamente favorece o processo de AO social, uma vez que as políticas monetárias são conduzidas no sentido da manutenção da escassez da moeda e aumento da desigualdade econômica, enquanto a Internet é manipulada pelos beneficiários da desigualdade, por meio de notícias falsas. Para se superar esta situação, proponho inicialmente o reconhecimento, no plano filosófico, que o sentido do dinheiro depende da consciência (como sugerido por Lietaer, 2001). Por meio de tomada de consciência social, pode-se ampliar o conceito de dinheiro e estabelecer o controle social das políticas monetárias do Estado, no sentido de redução da desigualdade econômica. Uma medida hetero-organizativa, o controle estatal do fluxo monetário, poderia estabelecer condições mais favoráveis para a efetividade da AO social.