Abstract
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) é uma das metodologias mais eficientes para o aprimoramento da potência aeróbia máxima de corredores de fundo do Atletismo. No HIIT, o modo de recuperação pode ser decisivo para que a intensidade dos estímulos se mantenha elevada durante toda a sessão. Diante disso, o objetivo deste estudo foi comparar o efeito da manipulação da recuperação no rendimento, nas respostas fisiológicas e de percepção subjetiva do esforço no HIIT, em corredores de fundo treinados. Participaram da pesquisa 19 sujeitos, sendo 14 homens (31,92 ± 8,12 anos) e cinco mulheres (29,8 ± 6,94 anos). Os voluntários foram submetidos a teste progressivo máximo e a três protocolos experimentais. Nesses protocolos foram realizados seis estímulos de três minutos (90% v 2max), com distinção no modo e no tempo de recuperação executado: recuperação passiva longa de 90 s; recuperação ativa de 90 s (50% v 2máx); recuperação passiva curta de 60 s. O consumo de oxigênio foi mensurado em todos os testes, utilizando analisador de gases portátil (Marca Cosmed® , modelo K4b2 , Roma, Itália). Os dados foram reportados como média ± desvio padrão e a significância estatística adotada foi de 5%. Em relação ao desempenho dos atletas nos protocolos, no modo de recuperação ativa, os 2º, 3º e 6º estímulos apresentaram menor velocidade quando comparado ao modo passivo longo (p= 0,005). Na recuperação passiva curta a velocidade foi inferior à passiva longa apenas no 5º estímulo (p= 0,03). No âmbito das respostas fisiológicas, foi observado tempo de exercício absoluto realizado acima ou igual a 90% do 2max (zona vermelha) superior no protocolo de recuperação passiva curta quando comparado ao protocolo de recuperação passiva longa (p= 0,001). Já o protocolo de recuperação passiva curta apresentou tempo relativo em zona vermelha superior à recuperação ativa (p= 0,017) e passiva longa (p= 0,001). O consumo de oxigênio mensurado nos últimos 90 s de estímulo foi superior no modo de recuperação passiva curta em relação à passiva longa (nos estímulos 2, 3, 4, 5) (p= 0,001). A análise do consumo de oxigênio nos últimos 30 s da recuperação revelou maiores valores nos modos passivo curto e ativo em relação à recuperação passiva longa (p= 0,001). As respostas ventilatórias, produção de CO2 e ventila o E) durante os estímulos, apresentaram valores superiores no protocolo de recuperação passiva curta ( CO2 p= E p= 0,004) e ativa ( CO2 p= 0,012; E p= 0,002) em relação à passiva longa. Já a frequência respiratória, no modo de recuperação ativa, foi superior em relação à recuperação passiva longa nos estímulos 3, 4 e 5 (p= 0,015). A percepção subjetiva do esforço foi inferior na recuperação passiva longa em relação à passiva curta apenas no (6º estímulo) (p= 0,014). Os protocolos de recuperação ativo e passivo curto, apresentaram menores valores de percepção subjetiva da recuperação, em relação à passiva longa (recuperações 4 e 5) (p= 0,012 e p= 0,09). Ademais, a percepção subjetiva da sessão e a carga de treinamento foram inferiores no protocolo de recuperação passiva longa em relação aos protocolos de recuperação ativa (p= 0,006) e passiva curta (p= 0,001 e p= 0,021). Conclui-se que o protocolo de recuperação passiva curta apresenta maior custo benefício para promover as adaptações esperadas pelo HIIT. Nesse modo de recuperação, o tempo em zona vermelha superior aos demais protocolos, gerando maior estresse fisiológico e psicológico, contudo, sem comprometer a qualidade da sessão. O protocolo ativo também proporcionou elevado tempo em zona vermelha, mas, neste a velocidade dos estímulos não foi mantida.