Acumulação de capacidades tecnológicas e fortalecimento da competitividade industrial no Brasil: breve análise empírica da indústria de mineração

Abstract
Os resultados da análise empírica da indústria de mineração brasileira são apresentados neste documento do projeto de pesquisa intitulado “Acumulação de Capacidades Tecnológicas e Fortalecimento da Competitividade Industrial no Brasil: Análise Empírica e Recomendações Práticas para Políticas Públicas e Estratégias Empresariais”. Neste estudo, o objetivo foi analisar como a acumulação de capacidades tecnológicas em nível de empresas produtoras da indústria de mineração contribuiu para o fortalecimento da competitividade industrial do Brasil, no período de 2003 a 2014. A pesquisa contou com evidências primárias obtidas por meio de entrevistas e aplicação de questionários a diretores e gestores de empresas produtoras e da realização de um workshop com vários agentes da indústria (empresários, fornecedores, consultores, pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades e representantes de órgãos governamentais). Os questionários enviados classificam-se em três conjuntos de informações/dados que buscaram captar das empresas produtoras, quais sejam: (i) atividades tecnológicas executadas pelas empresas nas áreas de pesquisa e prospecção, lavra e processamento mineral, de modo a mensurar sua acumulação de capacidades tecnológicas na escala de níveis de capacidade inovadora utilizada; (ii) caracterização e desempenho competitivo das empresas, para a mensuração de variáveis de desempenho competitivo, que foi avaliado em termos de produtividade do trabalho e proporção das receitas obtidas com exportação; (iii) questionários de mecanismos de aprendizagem intra e interorganizacionais (internos e externos, respectivamente), os quais buscaram mensurar os tipos de mecanismo utilizados pelas empresas, tipos de parceria e tipos distintos de resultado que pudessem influenciar a acumulação de níveis de capacidade tecnológica. Os procedimentos da pesquisa pautaram-se em uma análise qualitativa e outra estatística, por meio da utilização de inferências estatísticas na busca por correlações e possíveis causalidades entre as variáveis das três etapas de análise. Os principais resultados apontam para a variabilidade das empresas produtoras da indústria de mineração na acumulação de capacidades tecnológicas. Essa variabilidade foi também observada entre as áreas tecnológicas; por exemplo, na área de pesquisa e prospecção, houve empresas que estavam em capacidade de produção e passaram à capacidade inovadora básica; nas áreas de lavra, não foram registradas empresas em capacidade de produção; e, em processamento mineral, partiram de capacidade inovadora intermediária. Os mecanismos interorganizacionais de aprendizagem foram as fontes que melhor explicaram essa variabilidade, isto é, quanto mais capacidades tecnológicas as empresas acumularam, maior foi sua frequência de uso desses mecanismos, bem como a frequência de resultados de maior complexidade tecnológica gerados. Os resultados mostram, ainda, que acumular mais capacidades tecnológicas em processamento mineral representa maior produtividade no trabalho para as empresas produtoras, assim como maiores proporções de receitas obtidas com exportações.