O Espetáculo das Pompas Fúnebres

Abstract
George Balandier em sua obra Poder em Cena (2009) afirma que as formas de poder se representam por meio da espetacularização de seus rituais configurando uma “teatrocracia” ou conjunto performático de manifestações que lhe devolve uma imagem idealizada de si e para outrem. No mundo Luso-Brasileiro e no Brasil, durante os dois períodos imperiais, foi recorrente a realização de pompas fúnebres, efemérides que ao mesmo tempo em que funcionavam como pedagogia para o “bem morrer” e se afirmava como representação de poder. Na construção do espetáculo da morte destacava-se a arte efêmera visual e sonora. Nesta última, destaca-se as Missas de Réquiem. Em foco neste artigo, o Réquiem de 1816 de autoria do Padre José Maurício Nunes Garcia, composto para as exéquias da Rainha Dona Maria I, progenitora de Dom João VI. Objetiva-se aqui situar e problematizar essa obra como imagem sonora da morte e seu lugar nos espaços de performance nos tempos joaninos.