Abstract
Buscamos a partir dos acontecimentos históricos de 1930/1940 no Brasil, compreender como políticas de nacionalização linguística do Governo de Getúlio Vargas interferiram nas práticas sociais de imigrantes alemães no que tange a língua. Para tanto, analisamos medidas/decretos do governo varguista e mostramos como a interdição oficial trouxe consequências à vida dos imigrantes. Apesar do esforço/da implementação jurídica do Estado, a língua materna dos imigrantes sobreviveu à proibição e continua viva nas práticas sociais no espaço privado-familiar em algumas comunidades: Sprachmischung. Nosso corpus discursivo é composto por relatos de filhos de imigrantes alemães da região Noroeste do Rio Grande do Sul, que cultivam, no seu imaginário social, elementos de ligação com seus antepassados. Assim, com base na análise discursiva do corpus, percebemos a relação dos sujeitos com a Sprachmischung e o modo como ressoam e ecoam vozes, discursos e memórias atravessadas pela interdição do sujeito pela língua. Para tanto, filiamo-nos à Análise do Discurso, mobilizando o conceito de língua, na sua materialidade linguística, afetada e determinada por fatores históricos, ideológicos e políticos.