Abstract
Resumo: A Language into Act Theory (CRESTI, 2000) é uma teoria pragmática corpus-driven da fala espontânea. Ela individualiza o enunciado como a unidade de referência da fala, sendo este definido como a menor unidade linguística que possui autonomia pragmática e interpretabilidade em isolamento. Essa teoria considera que a prosódia é responsável por delimitar não só o enunciado, mas também as ilocuções (AUSTIN, 1962) e a estrutura informacional, que se desenvolve a partir de unidades tonais. Cada unidade tonal, a princípio, corresponde a uma unidade informacional, no nível pragmático. De acordo com Cresti (2014), o domínio de atuação da sintaxe estaria restrito às unidades informacionais, resultando na formação do que a autora denomina como ilhas sintático-semânticas. Neste trabalho, apresenta-se uma discussão acerca dessa abordagem. Através da exposição de dados empíricos oriundos de corpora, bem como de dados de línguas tipologicamente variadas, é desenvolvida uma argumentação que aponta para a possibilidade de que as relações sintáticas entre os elementos distribuídos ao longo de duas ou mais unidades informacionais possam ultrapassar as fronteiras dessas unidades. Dados de predicação, subordinação, coordenação, negação e marcas de caso servem para ilustrar essa assunção, na medida em que essas relações não são interrompidas devido à presença de uma quebra prosódica com valor informacional. Busca-se distinguir, portanto, dois níveis em interface, mas não em isomorfia: o prosódico-pragmático e o sintático. Defende-se que a sintaxe da fala seria melhor explorada por meio de critérios de análise probabilísticos. Palavras-chave: sintaxe da fala; categorias sintáticas; prosódia; pragmática. Abstract: Language into Act Theory (CRESTI, 2000) is a pragmatic corpus-driven theory of spontaneous speech. The utterance is individuated as the reference unit of speech. It is defined as the smallest linguistic unit with pragmatic autonomy and interpretability in isolation. This theory states that prosody delimits the utterance, illocutions (AUSTIN, 1962) and information structure, that develops from tonal units. Each tonal unit corresponds in principle to an information unit at the pragmatic level. According to Cresti (2014), the domain of syntax would be constrained to the information units, resulting in the establishment of what the author calls syntactic-semantic islands. In this paper, we present a discussion about this approach. Through exposition of empirical data from corpora, as well as from languages of typologically varied languages, we argue on the possibility that the syntactic relations between the elements distributed along two or more information units may exceed the boundaries of such units. Data on predication, subordination, coordination, negation, and case markers illustrates this assumption, insofar as these relationships are not disrupted by the presence of a prosodic break carrying information value. Therefore, two interface levels must be distinguished, but they are not isomorphic: the prosodic-pragmatic and the syntactic levels. We argue that spoken syntax would be better studied by means of probabilistic criteria. Keywords: spoken syntax; syntactic categories; prosody; pragmatics.

This publication has 7 references indexed in Scilit: