“O QUE É QUE A SENHORA ACHA?”: ASSIMETRIA E ENTRELAÇAMENTO DE DISCURSOS NA RELAÇÃO DE ORIENTAÇÃO ACADÊMICA

Abstract
A orientação acadêmica desenvolvida no âmbito da Pós-Graduação é parte do processo de formação de pesquisadores, em qualquer área de conhecimento. O objetivo do presente artigo foi analisar, através de um estudo de caso, como uma orientadora e uma orientanda de mestrado lidaram discursivamente na orientação acadêmica com a assimetria dessa relação e como dialogam com outras vozes que são convocadas ao longo do processo de formação, levando em conta que se trata de uma situação de trabalho e de aprendizagem dentro de um ambiente acadêmico/científico. Para esse fim, realizamos uma análise dos discursos proferidos por uma orientanda e uma orientadora, na atividade (trabalho real) de orientação acadêmica, em nível de mestrado, fundamentados na Análise Dialógica do Discurso (BAKHTIN, 1988, 2003, 2008; VOLOSHINOV, 1998, 2017) e nos pressupostos teóricos da Ergologia (SCHWARTZ, 1998, 2010), que nos permitiu observar a organização da atividade de orientação acadêmica. As análises sugerem que a atividade de orientação acadêmica, registrada nas entrevistas e materializada no texto da dissertação da orientanda, situa-se entre a repetição e a diferença, o já-dito e o novo, a citação e o comentário, enfim, o discurso de autoridade e o internamente persuasivo. Contribuiu para isso a disposição de ambas em abrir espaços para a negociação de sentidos, para a possibilidade da discordância; em minimizar o distanciamento entre si; em expor a própria palavra e fazer a escuta atenta da palavra da outra. Ainda que a palavra de autoridade tenha seu peso e importância no discurso acadêmico, a partir, também, dos papéis que ambas performam no exercício de suas atividades/trabalhos reais, entendemos que o pesquisador precisa enxergar onde está sua palavra