Abstract
Lusitânia de Almeida Faria é um romance epistolar em que se cruzam cartas de diversos membros de uma mesma família da burguesia latifundiária da região do Alentejo. Afastados por razões ligadas à evolução político- -social de Portugal durante o ano de 1974, as personagens evocam o seu estado de espírito, os seus pensamentos mas sobretudo as suas dúvidas e angústias perante o transtorno político e as suas primeiras consequências. Mostramos neste artigo como a estrutura desta narrativa epistolar polifónica acentua o desconcerto pós-25 de Abril duma parte da população portuguesa, desconcerto relatado aliás em grande parte da produção romanesca do último quarto do século XX, mas que revela paralelamente o ceticismo do próprio autor para com a evolução do seu país.