Abstract
A mobilização de comunidades quilombolas pelo reconhecimento de direitos tem revelado territorialidades que se distinguem das formas de ocupação do espaço regidas pelo Estado, algumas das quais configuram situações de conflito em torno da posse da terra. As disputas relacionadas à titulação de territórios quilombolas e à demarcação de terras indígenas no Brasil acionam a questão étnico-racial, a qual tem sido contornada nos estudos voltados para o meio rural. Visando abordar essa questão, faz-se uso de dados obtidos ao longo de uma pesquisa qualitativa, realizada no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, que teve por objeto empírico processos de titulação de territórios em que foram registrados conflitos. O artigo propõe articular as noções de colonialidade e racialização na abordagem dos conflitos, com vistas a apreender as dimensões das relações de poder em jogo. Tem por objetivo analisar como o surgimento dos quilombolas enquanto sujeitos políticos introduz novos significados à luta pela terra e influencia a dinâmica das lutas sociais no campo, a partir dos dados da pesquisa realizada no estado.