Abstract
Dissertar sobre o pensamento de Paulo Freire é um privilégio e uma responsabilidade, pois se trata de uma tarefa árdua apreender as nuances e a riqueza de suas ideias e ideais, bem como relacioná-los com a realidade social. Dito isso e tendo aceito esse desafio, pretendo neste ensaio alinhavar os princípios da Ética ao longo da história, à proposta decolonial e aos movimentos de migração observados na contemporaneidade. Todos esses serão banhados no pensamento freireano expressos na sua obra Pedagogia da autonomia (66ª ed., 2020). Falar em Ética implica em compreender modos particulares de ser e de estar no mundo, com a humanidade e pela humanidade. Pensar a decolonialidade enquanto movimento de fronteira a partir de uma condição de subalternidade implica compreender o tripé crítica, crise e criticidade e o mundo a partir do próprio mundo com suas epistemes e contradições. Enveredar pelas trilhas do fluxo migratório implica em relações de alteridade e na percepção de responsabilidade pelo outro para além de fronteiras políticas e geográficas. Por fim, imergir essas três categorias no pensamento filosófico de Paulo Freire significa a disposição de assumir o compromisso de ser gente mais gente (última frase do livro!). Este ensaio enseja uma tarefa enorme, mas que despretensiosamente me proponho a iniciar em diálogo a ser construído com meus leitores